PARECE, MAS NÃO É: PARACOCCIDIOIDOMICOSE ORAL COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO CÂNCER ORAL

Autores

  • Katilene Aparecida dos Santos Leite Graduanda em Odontologia, Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR), Vitória da Conquista, BA, Brasil
  • Renata Tucci Professora de Patologia Bucal, Instituto de Saúde de Nova Friburgo da Universidade Federal Fluminense (ISNF/UFF), Nova Friburgo, RJ, Brasil
  • Rebeca de Souza Azevedo Professora de Patologia Bucal, Instituto de Saúde de Nova Friburgo da Universidade Federal Fluminense (ISNF/UFF), Nova Friburgo, RJ, Brasil
  • Juliana de Souza do Nascimento Professora de Odontologia, Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR), Vitória da Conquista, BA, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.69909/

Palavras-chave:

Paracoccidioidomicose, Blastomicose, Carcinoma de Células Escamosas, Câncer bucal, Diagnóstico diferencial, Microscopia

Resumo

A blastomicose sul-americana, também conhecida como paracoccidioidomicose, é uma micose sistêmica causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, que cresce no solo, nutrindo-se de restos de matéria orgânica em decomposição. É considerada a infecção fúngica mais importante da América Latina, sendo o Brasil um centro endêmico. A infecção envolve inicialmente os pulmões, por meio da inalação do fungo, com possível disseminação para outras regiões do corpo, incluindo a boca. Clinicamente, na mucosa oral, as lesões geralmente se manifestam com aspecto granular, eritematoso e ulcerado. Outras doenças podem apresentar características semelhantes, como o carcinoma de células escamosas. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de paracoccidioidomicose que mimetiza as características do carcinoma de células escamosas. Trata-se de um paciente de 57 anos, do sexo masculino, com lesão na região da mucosa labial inferior, estendendo-se para gengiva e assoalho bucal, e apresentando aspecto clínico moriforme, ulcerado e sem limites precisos. As hipóteses diagnósticas foram de paracoccidioidomicose e de carcinoma de células escamosas orais. O exame histopatológico exibiu epitélio pseudoepiteliomatoso e células gigantes multinucleadas com leveduras de Paracoccidioides brasiliensis em seu interior, sendo compatível com o diagnóstico definitivo de paracoccidioidomicose. Conclui-se que o paracoccidioidomicose e o carcinoma de células escamosas apresentam características clínicas e microscópicas semelhantes, o que pode acarretar um diagnóstico clínico equivocado. Dessa forma, o diagnóstico definitivo é feito por meio da confirmação da presença do fungo.

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Publicado

2025-08-21

Edição

Seção

Relatos de caso

Como Citar

PARECE, MAS NÃO É: PARACOCCIDIOIDOMICOSE ORAL COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO CÂNCER ORAL. (2025). Revista Naval De Odontologia, 52(1). https://doi.org/10.69909/