PARECE, MAS NÃO É: PARACOCCIDIOIDOMICOSE ORAL COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO CÂNCER ORAL
DOI:
https://doi.org/10.69909/Palavras-chave:
Paracoccidioidomicose, Blastomicose, Carcinoma de Células Escamosas, Câncer bucal, Diagnóstico diferencial, MicroscopiaResumo
A blastomicose sul-americana, também conhecida como paracoccidioidomicose, é uma micose sistêmica causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, que cresce no solo, nutrindo-se de restos de matéria orgânica em decomposição. É considerada a infecção fúngica mais importante da América Latina, sendo o Brasil um centro endêmico. A infecção envolve inicialmente os pulmões, por meio da inalação do fungo, com possível disseminação para outras regiões do corpo, incluindo a boca. Clinicamente, na mucosa oral, as lesões geralmente se manifestam com aspecto granular, eritematoso e ulcerado. Outras doenças podem apresentar características semelhantes, como o carcinoma de células escamosas. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de paracoccidioidomicose que mimetiza as características do carcinoma de células escamosas. Trata-se de um paciente de 57 anos, do sexo masculino, com lesão na região da mucosa labial inferior, estendendo-se para gengiva e assoalho bucal, e apresentando aspecto clínico moriforme, ulcerado e sem limites precisos. As hipóteses diagnósticas foram de paracoccidioidomicose e de carcinoma de células escamosas orais. O exame histopatológico exibiu epitélio pseudoepiteliomatoso e células gigantes multinucleadas com leveduras de Paracoccidioides brasiliensis em seu interior, sendo compatível com o diagnóstico definitivo de paracoccidioidomicose. Conclui-se que o paracoccidioidomicose e o carcinoma de células escamosas apresentam características clínicas e microscópicas semelhantes, o que pode acarretar um diagnóstico clínico equivocado. Dessa forma, o diagnóstico definitivo é feito por meio da confirmação da presença do fungo.
Referências
1. Bisinelli JC, Telles FQ, A. Sobrinho J, Rapoport A. Manifestações estomatológicas da paracoccidioidomicose. Rev Bras de Otorrinolaringol. 2001;67(5):683-7.
2. Oliveira LLC, Arruda JAA, Marinho MFP, Cavalcante IL, Abreu LG, Abrahão AC, et al. Oral paracoccidioidomycosis: a retrospective study of 95 cases from a single center and literature review. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2023;28(2):e131-9.
3. Vieira R, Minicucci EM, Marques MEA, Marques SA. Queilite actínica e carcinoma espinocelular do lábio: aspectos clínicos, histopatológicos e imunogenéticos. An Bras Dermatol. 2021;87(1):105-14.
4. Wanke B, Aidê MA. Paracoccidioidomycosis. J Bras Pneumol. 2009; 35(12):1245-9.
5. Silva GK, Ribeiro MFA, Grossman SMC, Caspitrano HM, Mendes PA, Souto GR. Paracoccidioidomicose: uma revisão clínico-epidemiológica de casos com lesões orais em 24 anos. Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilof. 2020; 61(3):122-7.
6. Colombo AL, Camargo LF, Fischman OG, Castelo A. The clinical parameters relevant for the differential diagnosis between mucocutaneous leishmaniasis and paracoccidioidomycosis. Rev Soc Bras Med Trop. 1992;(25):171-5.
7. Godoy H, Reichart PA. Oral manifestations of paracoccidioidomycosis. Report of 21 cases from Argentina. Mycoses. 2003;46(9-10):412-7.
8. Caixeta CA, Carli ML, Ribeiro Júnior NV, Sperandio FF, Nonogaki S, Nogueira DA, et al. Estrogen receptor-α correlates with higher fungal cell number in oral paracoccidioidomycosis in women. Mycopathologia. 2018;183 (5):785-91.
9. Brazão-Silva MT, Andrade MF, Franco T, Ribeiro RI, Silva WS, Faria G, et al. Paracoccidioidomycosis: a series of 66 patients with oral lesions from an endemic area. Mycoses. 2011;(54):e189-95.
10. Arruda JAA, Schuch LF, Abreu LG, Silva LVO, Mosconi C, Monteiro JLGC, et al. A multicentre study of oral paracoccidioidomycosis: Analysis of 320 cases and literature review. Oral Dis. 2018;24(8):1492-1502.
11. Costa MC, Carvalho MM, Sperandio FF, Ribeiro Junior NV, Hanemann JAC, Pigossi SC, et al. Oral paracoccidioidomycosis affecting women: a systematic review. Mycoses. 2021;64(2):108-22.
12. Dutra LM, Silva THM, Falqueto A, Peçanha PM, Souza LRM, Gonçalves SS, et al. Oral paracoccidioidomycosis in a single-center retrospective analysis from a Brazilian southeastern population. J Infect Public Health. 2018;11 (4):530-3.
13. Azenha MR, Caliento R, Brentegani LG, Lacerda SA. A retrospective study of oral manifestations in patients with paracoccidioidomycosis. Braz Dent J. 2012; (23):753-7.
14. López-Martínez R, Hernández-Hernández F, Méndez-Tovar LJ, Manzano-Gayosso P, Bonifaz A, Arenas R, et al. Paracoccidioidomycosis in Mexico: clinical and epidemiological data from 93 new cases (1972-2012). Mycoses. 2014;57(9):525-30.
15. Alvarado P, Teixeira MM, Cavallera E, Paes HC, Guerra G, Santander G, et al. Epidemiology of paracoccidioidomycosis in Venezuela: a retrospective study from 1954 to 2019. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2021;(116):e210203.
16. Azevedo RS, Gouvêa AF, Lopes MA, Corrêa MB, Jorge J. Synchronous oral paracoccidioidomycosis and oral squamous cell carcinomas with submandibular enlargement. Med Mycol. 2011; 49(1):84-9.
17. Leal RVS, Emmi DTA, Marizeli VA. Acesso e qualidade da atenção secundária e da assistência em estomatologia no Brasil. Physis. 2021;31(2):e310205.
18. Souza ET, Barbosa BA, Taveira LAA, Chinellato LEM. Manifestações bucais da paracoccidioidomicose-considerações gerais e relato de caso. RFO-UPF 2010;15(1):71-6.
19. Shikanai-Yasuda MA, Mendes RP, Colombo AL, Queiroz-Telles F, Kono ASG, Paniago AMM, et al. Brazilian guidelines for the clinical management of paracoccidioidomycosis. Rev Soc Bras Med Trop. 2017;50(5):715-40.
20. Santos LFM, Melo NB, Carli ML, Mendes ACSC, Bani GMAC, Verinaud LM, et al. Photodynamic inactivation of Paracoccidioides brasiliensis helps the outcome of oral paracoccidiodomycosis. Lasers Med Sci. 2017; 32(4):921-30.
21. Guirado MG, Palma LF, Serrano RV, Alvares CMA, Campos L. Phototherapies as an adjuvant treatment for oral paracoccidioidomycosis. Photodiagnosis and Photodyn Ther. 2022; (38):102771.
22. Santos DSA, Galvão GS, Ribas PF, Peres MPSM, Franco JB. Photodynamic therapy in the treatment of oral lesions caused by para coccidiomycosis. Photodiagnosis Photodyn Ther. 2022;(37):102648.
23. Silva RM, Saraiva LE. Paracoccidioidomycosis. Dermatol Clin. 2008;26(2):257-69.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Naval de Odontologia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.